Contabilizar a Natureza Humana


De uma perspectiva racional, devíamos tomar somente decisões que são do nosso melhor interesse (“devíamos” é a palavra operativa aqui)… e escolher a opção que maximiza os nossos melhores interesses… Infelizmente, não o fazemos.” 
É aqui que a economia comportamental entra no quadro. Neste campo, não assumimos que as pessoas são máquinas perfeitamente sensíveis e calculistas. Em vez disso, observamos como as pessoas na realidade se comportam e muito frequentemente as nossas observações levam-nos à conclusão que os seres humanos são irracionais.”
As supramencionadas e seguintes citações são retiradas do livro de Dan Ariely, The Upside of Irrationality: The Unexpected Benefits of Defying Logic at Work and at Home (trad. A Irracionalidade de Pernas para o Ar: Os Benefícios Inesperados de Desafiar a Lógica no Trabalho e em Casa). Ariely é um Professor de Psicologia e Economia Comportamental na Universidade de Duke e autor de outras obras em economia comportamental.

Economia Tradicional Vs. Economia Comportamental: Uma Questão De Perspectiva?

“… há imenso a ser aprendido da economia racional,” ele diz, “mas algumas das suas suposições, de que as pessoas tomam sempre as melhores decisões, que erros são menos prováveis quando as decisões envolvem muito dinheiro e que o mercado se corrige a si mesmo, podem claramente conduzir a consequências desastrosas.
Forças Sociais e Comerciais


A Crise Financeira

“… pense sobre a implosão de Wall Street em 2008 e o seu impacto testemunhador na economia. Dados os nossos excessos humanos, porque raio pensaríamos que não precisamos de tomar quaisquer medidas externas para tentar prevenir ou lidar com erros sistemáticos de juízo nos mercados financeiros fabricados pelo homem?
É aqui que a economia comportamental se desvia para longe da economia tradicional, porque ela procura olhar para evolução humana e psicologia em acréscimo à economia tradicional, de modo a que as forças sociais e do mercado sejam capazes de existir em equilíbrio:
Essencialmente os mecanismos que desenvolvemos durante os nossos primeiros anos evolutivos podem ter feito perfeito sentido no nosso passado distante. Mas dada a incompatibilidade entre a velocidade do desenvolvimento tecnológico e a evolução humana, os mesmos instintos e habilidades que em tempos nos ajudaram agora com frequência se encontram no nosso caminho. Maus comportamentos de decisão que se manifestaram a si mesmos como meras perturbações nos séculos passados agora severamente afectam as nossas vidas de maneiras cruciais."

A Necessidade de Responder À Natureza Humana

Ariely argumenta que esta dicotomia entre as forças sociais e do mercado e alguns dos nossos desenvolvimentos tecnológicos que existem em discórdia com o nosso desenvolvimento evolucionário/natureza, têm ramificações que vão muito além da indústria dos empréstimos:
“Quando os designers das tecnologias modernas não compreendem a nossa falibilidade, eles desenham novos sistemas melhorados para os mercados accionistas, seguros, educação, agricultura ou assistência médica que não tomam os nossos limites em conta (Eu gosto do termo “tecnologias humanamente incompatíveis,” e elas estão em todo o lado).”

Economistas do comportamento querem compreender a fragilidade humana e encontrar maneiras mais compassivas, realistas e eficientes para as pessoas evitarem a tentação, se esforçarem mais no auto-controle e derradeiramente alcançarem as suas metas a longo prazo. Enquanto sociedade, é extremamente benéfico compreender como e onde falhamos e desenhar/inventar/criar novas maneiras de superar os nossos erros.”
Todas as citações retiradas do livro de Prof. Ariely, The Upside of Irrationality: The Unexpected Benefits of Defying Logic at Work and at Home (trad. A Irracionalidade de Pernas para o Ar: Os Benefícios Inesperados de Desafiar a Lógica no Trabalho e em Casa).
FOTO por loiclemeur (Loic Le Meur) @ Flickr

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