Colapso Financeiro Promove Crise De Identidade Mundial - Humanidade Redefine-se



Lê-se num recente artigo do JN,
“83 pessoas puseram termo à vida neste trimestre no Norte, 29 mortos a mais do que em 2012. Desemprego cria desesperança e pode estar a alterar perfil das vítimas, alertam os especialistas”
Vivemos há muito numa sociedade de estatuto, está na realidade tão entranhado na nossa cultura que não nos apercebemos que uma das primeiras respostas que obtemos quando travamos conhecimento com alguém é “Sou x, y ou z”, em suma, o que fazemos na vida está intimamente relacionado ao que dizemos ser a nossa identidade.
“A maioria de nós compreende a profunda interligação entre identidade e trabalho… ‘O que faz você’ tornou-se um componente comum de uma apresentação como o anacrónico ‘Como vai você?’ em tempos era, sugerindo que os nossos empregos são uma parte integral da nossa identidade, não meramente um meio de fazer dinheiro…”
~ Dan Ariely, O Significado do Trabalho
"Inevitavelmente, quando deixei o meu emprego, isso devastou-me. Não podia simplesmente correr e avançar. Eu não sabia como valorizar quem eu era versus o que eu fazia. O que eu fazia era quem eu era."
~ Erin Callan, Ex-chefe financeira da Lehman Brothers
http://www.nytimes.com/2013/03/10/opinion/sunday/is-there-life-after-work.html
Especialistas dizem que maioria das pessoas devia dar a si mesmas uns bons dois anos de recuperação para recuperar de um trauma emocional tal como uma separação ou a perda de um emprego. E se ficou cego pelo evento, sua esposa deixou-o abruptamente inesperadamente, deveria levar mais tempo.

Alguns peritos chamam a este período de recuperação um "processo de crise de identidade." É perfeitamente normal, dizem eles, se sentir deprimido, ansioso e distraído durante este tempo, por outras palavras, estar uma barafunda emocional. (Superar a morte de um próximo é mais complicado e tipicamente levará mais tempo ainda que dois anos, dizem os peritos.)

~ Elizabeth Bernstein, WSJ - Wall Street Journal 
“Se sou o que possuo e o que possuo perco, quem sou?”
~ Erich Fromm
Assim, quando perdemos a nossa profissão, em muitos dos casos mais recentemente, profissões que praticámos toda uma vida, sentimos que perdemos também com ela a nossa identidade, o nosso “EU”, desconhecedores de que o ser humano é muito mais do que isso decidimos pôr um fim à nossa vida.


"A força mais forte da personalidade humana é a necessidade de permanecermos consistentes em como nos definimos a nós mesmos. O que significa isso?"
~ Tony Robbins, Está A Sabotar-se A Si Mesmo? 
"É o maior erro pensar que o homem é sempre um e o mesmo. Um homem nunca é o mesmo durante muito. Ele está continuamente a mudar. Ele raramente permanece o mesmo até durante meia hora."
~ G.I. Gurdjieff  
"Se as pessoas mudam, podem mudar, mudam, mudam na realidade, é seguramente uma das perguntas mais importantes da psico-biologia. O jornal Science avança o nosso entendimento da resposta crescentemente: compreendemos que mudámos, mas somos desconfortáveis com a ideia de que mudaremos mais. A necessidade de mudar implica outra pergunta: Precisamos de corrigir um defeito? Não é provável que qualquer quantidade de ciência possa responder a essa pergunta"
~ Laura Blue, TIMES - Recente Estudo Descobre Que Você Não Será o Mesmo: http://responsabilidademutua.blogspot.pt/2013/07/voce-nao-sera-o-mesmo-estudo-descobre.html
"Não posso regressar para ontem pois eu era uma pessoa diferente então." 
~ Lewis Carroll

Já dizia Oscar Wilde, “definir é limitar,” ainda assim, os humanos têm uma cadência para se colocar dentro de caixas específicas ou julgam de acordo com o que lhes é dito que o seu verdadeiro tamanho é somente este minúsculo mundo ao redor do qual uma vida monótona sedentária roda.

A verdade é que senão a maioria, uma grande parte de nós não faz realmente o que gostaria e que poderia chamar o que é realmente, alguns optam por um hobbie, mas perdemos esse elo ao que somos há imenso tempo atrás, antes até da revolução industrial.
“Um desconhecido aproxima-se de nós, e logo lhe pedimos a naturalidade, a profissão, tudo o que sirva para o não vermos, para o não sentirmos, para, em suma, não simpatizarmos, e para, reduzindo-o ao estrito formalismo dos nossos catálogos, ser apenas um geométrico esquema de homem, etiquetado com um António, um Manuel ou Francisco”
~ Leonardo Coimbra, A Alegria, a Dor e a Graça (via Grupo de Investigação de Pensamento Português da Universidade de Lisboa)

Na realidade os sinais estão aí há algum tempo, mas ignorámos, em 15 anos a depressão tornou-se a doença número um do mundo ( http://youtu.be/-deCrHrjbAc ), mas estes são apenas sinais, e o que nos contam verdadeiramente estes sinais?

“Você sabia que em 15 anos só a depressão será a causa de desabilitação número um globalmente, acima da doença coronária, cancro e SIDA?”
~ Giuseppe “Bepi” Raviola, psiquiatra na Partners In Health, a Escola de Medicina de Harvard e o Hospital Para Crianças de Boston Children’s Hospital

Eles na realidade contam-nos o problema, a enfermidade, uma sociedade, uma comunidade desligada, desinteressada da saúde e sanidade comum, mas também nos contam a solução, que a nossa sociedade carece de uma cura comunitária, em resumo maior ligação entre todos, um combate feroz ao isolamento e ao proteccionismo individual que nos leva a esconder os problemas uns dos outros. 

Como nos conta Dr. John Cacioppo, um especialista em solidão e os efeitos do isolamento social sobre a saúde, “a solidão baixa a habilidade se controlar a si mesmo. É realmente fácil depois de um dia difícil beber dois whiskeys e um terceiro para obter algum conforto.”

Este “conforto” a que se refere é o escapismo a que muitos recorrem para escapar à realidade através do álcool ou drogas, embora fortes laços sociais e uma vida activa comunitária e propositada teriam facilmente substituído os últimos, bem como nos definimos, o nosso «estatuto».








Foto por Fotografia Feita @ Flickr

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